O modelo ADDIE e o Planejamento

Tenho lido muito sobre mapas conceituais, taxonomias e modelos de Design Instrucional.

Destas leituras, percebi que os mapas conceituais podem ser grandes aliados ao modelo ADDIE, visto que é desenvolvido em fases e que estas são cuidadosamente planejadas, onde os mapas são uma excelente ferramenta para isso. Então tá então... :-)

Mas, quem é que faz isso atualmente? Quem é que demonstra esse modelo de planejamento, aliado aos mapas conceituais? Quem ensina a fazer isso? Quais vantagens dessa união? O professor sabe fazer isso? Utiliza em suas aulas?

Constatei, mais uma vez, que o discurso sempre caminha longe...bem longe da prática.

Antes de mais nada, você sabe o que é o modelo ADDIE?

O modelo de desenvolvimento ADDIE, para quem está habituado a planejar aulas, é muito semelhante ao que chamamos de planejamento de ensino, guardadas as devidas proporções de tempo, espaço, recursos etc. Você pode pensar em um curso, uma ação de aprendizagem ou mais especificamente, um objeto de aprendizagem, mas em qualquer uma delas de uma coisa você não escapa – planejar! E é isso que o ADDIE demonstra.

O modelo ADDIE desenvolveu-se com o ISD – Instrucional Systems Design – como pano de fundo. O ISD, assim como o ISDD (Instrucional Systems Design and Development), ou o SAT (Systems Approach to training) ou ainda o ID (Instrucional Design), constituem-se em uma metodologia que propõe um processo desenvolvido em basicamente em três etapas inter-relacionadas: conhecimento do público-alvo (identificação das necessidades), proposta de solução para estas necessidades (desenho da solução) e avaliação dos resultados.

O ISD teve origem no período da Segunda Guerra, a partir da necessidade dos Estados Unidos melhorarem seus treinamentos. A partir daí, o ISD tornou-se a metodologia mais popular para o desenvolvimento de programas de treinamento. Criado na Universidade Estadual da Flórida por Walter Dick e Lou Carey, esse trabalho, posteriormente, resultou em um livro “The Systematic Design of Instruction”. Através deste modelo, desenvolveu-se a idéia de sistemas, aplicada à treinamento, o que - se pensado cuidadosamente - tem bons resultados, visto que, sistema define-se por um conjunto de componentes que funcionam de forma interdependente para atingir um objetivo. Daí que qualquer semelhança NÃO é mera coincidência quando pensamos em aprendizagem organizacional.

Muitos são os modelos de ISD, mas a maioria é baseada no ADDIE Model, ou melhor:

A n a l y s i s – Análise

D e s i g n – Desenho

D e v e l o p m e n t – Desenvolvimento

I m p l e m e n t a t i o n – Implementação

E v a l u a t i o n – Avaliação

No modelo ADDIE as etapas são dependentes entre si, pois cada uma alimenta a seguinte, sendo que caso a etapa anterior não esteja definitivamente concluída, as outras ficam seriamente comprometidas.

A primeira e mais importante fase é a ANÁLISE. Durante esta etapa, TODAS as necessidades do público alvo precisam ser claramente compreendidas. É aqui que se levanta o problema que será solucionado a partir do material elaborado – quais as necessidades deste grupo? Do que eles precisam? Por que é importante desenvolver isso? O que precisam saber para o problema ser resolvido?

Essas perguntas, se bem formuladas, transformam-se em objetivos. A partir daí, é fundamental entrar de corpo e alma contexto do público alvo, procurando compreender sua rotina, suas tarefas, seu trabalho e sua história. É interessante colher informações de pequenos grupos - semelhantes ou não - no que diz respeito às expecativas, anseios e objetivos profissionais, para aproximar ainda mais o \"onde estou\" com o \"onde quero chegar\".

Feito isso, é preciso pensar em um segundo momento da ANÁLISE: de tudo isso, o que já sabem? Ou precisam evidenciar?

A partir daí, é preciso ter certeza de tudo o que precisa ser visto para alcançar o objetivo traçado.

A segunda fase do modelo ADDIE é o DESENHO. Aqui é fundamental definir os objetivos de aprendizagem, pois deles dependem os procedimentos de ensino e as formas de avaliação, que também devem ser pensados neste momento. Nesta fase deve ocorrer: elaboração do conteúdo ou a distribuição dele – sem perder de vista a hierarquia de conceitos, suas relações e sua granularidade, desenho instrucional do conteúdo, elaboração de exercícios e construção da avaliação, traduzidos em um mapa, roteiro ou SB. Esse material, gerado na fase de Desenho é o que inicia a próxima fase.

A próxima fase, o DESENVOLVIMENTO, deve ter o material validado a partir dos objetivos traçados na análise. Portanto, é recomendável, retornar à essa etapa e checar os objetivos. A criação do material é feita na fase de desenho. No desenvolvimento, é operacionalizado o SB, ou seja, é posto em prática o que foi planejado na fase de análise e na fase do desenho: flash, pdf, vídeo-aula ou a melhor maneira de desenvolver o que foi feito. É o que se chama de validação – para validar o material é preciso se reportar à fase de ANÁLISE (por isso a importância dela) e à fase do DESENHO.

A fase da IMPLEMENTAÇÃO é a hora de colocar a mão na massa! O programa será implementado a partir do desenvolvimento do material que foi planejado na fase do desenho a partir da análise....

Por último, AVALIA-SE a eficiência do programa. Essa avaliação pode ser feita a partir de um teste com um grupo pequeno, com pessoas de perfis variados ou ainda com um grupo específico de alguma organização. Existem várias formas de checar se os objetivos foram atingidos ou não.

Com o resultado dessa avaliação em mãos, é possível comparar com os objetivos traçados na fase de análise e a partir daí traçar novos caminhos, repensar objetivos e procedimentos, ou manter exatamente como está. É possível notar que, apesar do ADDIE ser chamado de modelo, ele nada mais é do que um planejamento, traduzido em um processo de tomada de decisões ao longo do processo de elaboração de uma ação de aprendizagem, voltada para um público específico.

É possível perceber a importância da fase inicial do projeto, pois dela depende todo o resto. Se a análise for bem feita, todo o restante do trabalho terá boa parte de seu caminho desenvolvido. Caso contrário....

. Peters, Otto. Didática do Ensino a Distância. Editora Unisinos.

. Filatro, Andréa. Design Instrucional Contextualizado. Senac.

imagem: http://tentandonaofugir.blogspot.com/2009/03/vortices-e-engrenagens.html

Nenhum comentário: